Vereadores de Embu-Guaçu repercutem prisão de ex-prefeito da cidade
A prisão do ex-prefeito de Embu-Guaçu, Walter do Posto, na manhã desta terça-feira, dia21, pegou os vereadores da cidade de surpresa. A Polícia Civil fez uma grande ação na Prefeitura com mandados de busca e apreensão de documentos e computadores. Os funcionários foram impedidos de entrar na repartição pública para trabalhar.
Segundo o vereador André Messias de Oliveira, o Andrezão (PDT), a prisão do ex-prefeito abalou toda a cidade. “Nós ficamos muito surpresos, até porque foi dia de sessão e a gente não esperava por isso. A cidade infelizmente sentiu e abala o governo. Vamos ver, é tudo muito recente, mas esperamos que a justiça apure e se for culpado que seja punido, dinheiro público tem que ser valorizado”.
De acordo com Andrezão, o governo municipal terá que se superar após a denúncia do Ministério Público. “Não conversei com a prefeita [Maria Lucia, esposa de Walter do Posto], é tudo muito precoce, nós [vereadores] ficamos muito abalados com a notícia, sabemos que isso vai abalar o governo, mas segundo informações ela está muito chateada com essa situação e nós estamos aguardando”.
Para o vereador de oposição, professor Carlos Shyton (PR), a notícia caiu como uma bomba na cidade. “Nós fomos pegos de surpresa, com o tanto de polícia que chegou a nossa cidade, principalmente na prefeitura. Eu sinceramente ainda não li todo parecer da justiça pedindo a prisão preventiva, mas é uma situação complicada. Embu-Guaçu já é um município que tem a economia fragilizada e essa situação fragiliza ainda mais, o andamento da cidade”.
Shyton chegou a dizer que o melhor caminho para a prefeita Maria Lúcia seria renunciar ao cargo. “É um momento delicado, tendo em vista que a prefeita é inexperiente e não sabemos o teor das conversas que foram gravadas através do grampo telefônico dos secretários. É difícil tecer qualquer comentário porque ainda não sabemos o teor das conversas, não sabemos o quanto ele [Walter do Posto] influenciava o governo direta ou indiretamente, mas Embu-Guaçu fica mais fragilizada ainda”.
Entenda o caso
Walter do Posto foi acusado por organização criminosa, usurpação de função pública, tráfico de influência e participação em peculato. Segundo as primeiras informações, os investigadores coletam documentos e computadores e buscam materiais que comprovem fraudes em licitações públicas. Uma delas seria no transporte escolar.
Diálogos gravados entre políticos da cidade, funcionários públicos e o próprio acusado levam a crer que Walter do Posto seria o responsável por avalizar a contratação de monitores do transporte escolar da cidade. Ele também estaria negociando terrenos e eventuais compensações de débitos do município, além de ter nomeado um secretário para atender interesses de terceiros em agosto, enquanto a atual prefeita Maria Lucia (PSB), sua esposa, estava em Brasília.
Segundo a Justiça, essa conduta indicaria que ele “apossou-se arbitrariamente e de forma ilegítima de funções e atribuições que não lhe competiam”. No despacho é lembrado ainda que Walter do Posto já tinha contra ele medidas cautelares provenientes de processo anterior que o impediam de exercer função pública ou frequentar os prédios da prefeitura.
O texto ainda diz que as provas dos autos apontaram que Maria Lucia não tinha conhecimento ou não anuiu os comportamentos criminosos dos acusados. Nos áudios, Ivanir Saito, que seria assessora da prefeitura, ainda diz que a prefeita “não é política” e sim “dona de casa”, e que para resolver qualquer problema “não adianta falar com ela. Tem que falar com aquela pessoa lá”, se referindo ao ex-prefeito.